Madeleine Sautié – Granma
Roberto Fernández Retamar fez poesia para a Revolução como quem pensa construir um espaço de convivência e igualdade com os matérias da injustiça derrubada e pôs as palavras para as pessoas que habitam uma cidade maltratada e cercada conservar a toda a hora a mente em luz para identificar ao inimigo causante da tortura colectiva. A poesia nas letras de Fernández Retamar e visão da capacidade colectiva, da potência popular capaz de revelar a demagoxia, a mentira milionária, a injustiça evidente dos cercadores que se oferecem coma anjos da liberdade e quase não representam, agora e sempre, o projecto colonial e terrorista de manter a divisão e acusar as pessoas bloqueadas de todos os andacios argallados pelos bloqueadores para o que se precisa a administração contínua da divisão e a mentira coma um imbornal pelo que escapem os poderes e as virtudes do povo cercado. Fernández Retamar deixa-nos Ensayo de otro mundo (1967), Para una teoria de la literatura hispanoamericana (1975) Para el perfil definitivo del hombre (1981) Estreou-se como poeta com o livro Elegía como un himno em 1950 e, dende aquela, publicou mais de vinte volumes poéticos, entre os que é preciso citar Alabanzas, conversas (1955) Con las mismas manos (1962) Buena suerte viviendo (1967) Que veremos arder (1970), Juana y otros poemas personales (1981) Hacia la nueva (1989) ou Aqui (1995). Em 2002 reuniu uma ampla selecção dos seus poemas, intitulada Versos. Em Galego temos Conversa, antoloxia 1951-1996 em esplêndida tradução ao Galego do seu amigo Xosé Maria Álvarez Cáccamo.
Hà poucos meses, Roberto Fernández Retamar, por ocasião do 60º aniversário da Casa de las Américas, convocou os presentes a relembrar o futuro. A exortação enigmática assumiu todo o sentido, tendo em conta que desde o primeiro dia a Casa que mais fez pela unidade continental procurou o brilho perpétuo, presente e futuro da região. Numerosas personalidades que lamentam a morte do poeta aos 89 anos de idade e sobrepondo-se à dor, falam de gratidão e presença. «Caro Roberto, obrigado por nos deixar trabalho, lucidez e compromisso», disse o presidente Miguel Díaz-Canel Bermúdez. “Temos suas ideias que inspiram o caminho dos povos livres que mantêm vivo seu legado de resistência», disse Evo Morales, presidente da Bolívia.
Margaret Randall, escritora norte-americana, disse: «Ao longo dos anos, Retamar sempre foi um farol para nós, uma referência política e cultural e um amigo. Lamentamos a sua morte e celebramos a sua vida».
«Retamar nos deixa como legado o exemplo de um revolucionário abnegado, um poeta sensível, um intelectual dialógico, um homem dedicado às causas mais nobres da humanidade. Meu abraço fraterno da ressurreição», escreveu o intelectual brasileiro Frei Betto.
Ernest Pépin, um escritor de Guadalupe, recordará para sempre «este homem tornado fogo por uma revolução que sempre manteve o seu curso».
Palavras do poeta César Vallejo foram evocadas pelo poeta peruano Hildebrando Pérez Grande: «Seu corpo estava cheio do mundo», disse.
A escritora Selena Millares disse que para sempre temos a palavra dele: «E ninguém pode apagar isso».
Chiqui Vicioso, poeta dominicana, lembrou-se dele como «uma reafirmação de nossas utopias»; e o escritor venezuelano Freddy Ñañez resumiu: «As palavras deixadas por nosso anfitrião, nosso pai Calibán, são flechas paradas no tempo que continuam prolongando sua vida com as possibilidades deixadas intactas na poesia e pura presença ética. (…) haverá um futuro para seguir os passos do grande Roberto Fernández Retamar».